domingo, 22 de março de 2009

100 Anos

Se a minha Avó fosse viva faria 100 anos hoje e a tia I. teve a excelente ideia de fazer o almoço numa quinta que tem perto de Lisboa onde passámos muitas férias juntos.
Tudo se conjugou para que pudéssemos comemorar este dia e juntarmo-nos, os 3 filhos e os 13 netos, agora com as respectivas famílias e ainda por cima bom tempo!
Já não estávamos todos juntos certamente há mais de 15 anos. Faltava sempre um por uma razão ou outra.
A tia I. decidiu que só os netos se sentavam na mesa principal presidida por ela, afinal já somos crescidinhos e já nos comportamos bem à mesa!
Pais, apegadiços e filhos tinham outras mesas, o que fez com que o almoço fosse ainda mais animado. A cumplicidade veio logo ao de cima e as conversas rolavam e entrelaçavam-se umas nas outras de tal maneira que nos perdíamos.
O resto do dia foi passado à conversa, na brincadira e nas inevitáveis fotografias.
Onde quer que a minha Avó esteja julgo que deve ter gostado de nos ver, para ela o mais importante era a família, os netos, os filhos e o marido e por isso deixou alguns sonhos para trás, acredito que muito do que queria fazer não o fez para seguir o marido (Guiné, Moçambique, Angola, Timor, Goa, Licheinstein,...), o “ajudar” na sua profissão e no papel que veio a ter neste país. Diz-se que por trás de um grande homem existe sempre uma grande mulher e este era o caso.
Era uma senhora que impunha respeito, posso dizer mesmo que vivia à frente do seu tempo, tinha uns horizontes largos e uma inteligência fora do comum. Quem a conhecia ficava fascinado com a sua discrição e com o seu modo de ver a vida muito prático e objectivo. Nada a assustava ou a demovia de fazer o que achava correcto.
Era doce, meiga e muito paciente. Seguia os passos de cada um de nós diariamente e nada lhe escapava. Mesmo depois de ficar gravemente doente e de ter perdido algumas capacidades de memória e de linguagem, sabia sempre em que dia um de nós tinha exames ou testes, se havia algum acontecimento importante para nós...
Tive a sorte de conhecer os 4 Avós. Mas esta Avó era a que mais nos acompanhava, pelo menos a mim. Sentia e ainda sinto isso, qualquer problema que tivesse, mesmo as paixonetas de adolescência, sabia que podia contar com ela. Alertou-me sempre para a importância de ser independente, de ter a minha vida.
Tenho saudades

2 comentários:

Sadeek disse...

3 filhos e 13 netos?! A sério Mim...já pensaram em comprar uma televisão?! AHHAHAHA

BEIJOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO

mimanora disse...

Pois é Sadeek, a tv naquele tempo quase não existia (década de 60!!!!), mas não me parece um exagero, 2 deles tiveram cada um 4 filhos e um deles teve 5.
Hoje, mesmo com tv a cores, tv cabo, play station, dvd e sei lá mais o quê há quem ainda tenha 4 e 5 filhos ehehe