sábado, 25 de abril de 2009

Complicamos demais!

De vez em quando deparo com uns estados de alma de amigos que me deixam no mínimo boquiaberta.
A última que me bateu à porta (às vezes pareço um confessionário) em jeito de desabafo:
“Não posso deixar a relação que não é relação que tenho continuar porque está a tornar-se séria e tenho medo de que os sentimentos que tenho cresçam, agora não quero!”

Ora vamos lá tentar perceber isto.
Uma relação é uma relação.
2 pessoas que se sentem bem ao pé uma da outra, a seriedade seja qual for o tipo de relação tem de estar presente, tem de existir no mínimo confiança, lealdade e respeito. O que daí vier é outra coisa e julgo que é aí que ele está um bocado baralhado. Baralha seriedade com “compromisso definitivo”, É AGORA, É PRA VIDA, VAMOS CASAR…………….

Agora o que me espantou mesmo foi a 2ª parte da frase “… tenho medo que os sentimentos que tenho cresçam, agora não quero”!

Ok tem medo, todos nós temos algum medo, medo de nos magoarmos, medo de magoar o outro, uma relação é sempre um risco pois cada um tem o seu coração e cabeça independentes e não conseguimos adivinhar sentimentos e pensamentos uns dos outros (pelo menos ao principio). Mas porquê não deixar as coisas acontecerem? Porquê estar já a pensar que pode vir a gostar mais do que quer? Porquê pôr rédeas nos sentimentos? Porquê tentar não sentir?

Está certo que já teve uma relação que o magoou (não sei se muito se pouco), mas se começar logo a pensar que vai ser o mesmo, que não pode deixar-se levar pelos sentimentos porque agora não quer será que não está a deitar pela janela uma ou a possibilidade de ser feliz?
Não somos nós que escolhemos o momento certo nem sei quem é, mas que ele aparece sem darmos por isso, aparece e está em nós aproveitá-lo ou não.

E faz-me uma certa confusão como é que se pode comandar os sentimentos, agora posso gostar, apaixonar-me, sentir tudo…. Agora não posso sentir nada, nem apaixonar-me, nem gostar. Deve ser terrível!

Uma coisa é tentarmos não gostar ou deixarmos de gostar, virar as nossas antenas para outro lado porque sabemos que não somos correspondidos ou porque sabemos à partida que esta ou aquela pessoa podem fazer-nos mais mal que bem (aí prevalece a razão?), outra coisa é ter a tal relação que é o que é com a seriedade básica e não deixar que ela evolua só porque agora não quer, porque tem medo.

Francamente há coisas que me deixam banzada e cada vez penso mais em como à medida que vamos crescendo vamos perdendo o que de muito bom temos – a frontalidade.
Não sei se alguma vez repararam nas conversas das crianças:
Uma criança quando gosta de outra vai ter com ela e diz “gosto de ti” e a outra responde “também gosto de ti” ou “ Eu não!”
Porquê complicarmos o que não é complicado?????

3 comentários:

V. disse...

Ai rapariga... só não comento já tudinho porque tenho uma mão ocupada pelo gelo, mas vais ver quando estiver "livre e desimpedida"!

:)
Bj

Matrix disse...

A comemorar o 25 de Abril, aqui está uma bela questão quanto à revolução!
Não fosse efectivamente uma relação como uma revolução!
Pois nem sempre sabemos o que vai dar, mas naquela altura ou se aposta e se faz a revolução na vida ou não se está com medo do resultado que daí pode advir e então nunca mais se avança na vida!
Ou se quer a mudança e o avanço ou se estagna!
A nossa vida é sempre feita de revoluções, com maior ou menor resultado, mas...
Camarada temos que aprender com a Rovolução!

Nirvana disse...

Acho que não é só a frontalidade que vamos perdendo quando crescemos. É também a inocência, a crença, enfim, tanta coisa. Claro que ninguém controla os sentimentos, embora possa pensar que sim. Podemos é pensar tantas vezes não, não e não, que até quase nos convencemos, mas não resolvemos. Esse estado de alma tem um nome: medo. A questão é vencemos o medo ou deixamos o medo vencer-nos? Eu prefiro a primeira.
Bjk