segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Posse


"Posse
s. f.
1. Retenção ou fruição de uma coisa ou de um direito.
2. Estado de quem possui uma coisa, de quem a detém como sua ou tem o gozo dela.
3. Jur. Acção! ou direito de possuir a título de propriedade." in Priberam


A posse indica ter algo, ser dono de, ter direito a.
Possuir ou ser possessivo significa basicamente o acto de possuir COISAS e não pessoas.
Tenho andado às voltas com esta por causa do que se passa com alguém de quem gosto muito e não consigo compreender, se não por doença, o que pode levar alguém a achar que é dona de outra pessoa.
Acho que poucas pessoas conseguem entender isto, o querer saber tudo, o ir bisbilhotar telemóvel a carteira já é pouco provável que tenha “segredos”, o viver consumido pela dúvida e desconfiança sem razões para isso, o ciúme doentio dos amigos ou amigas. Acho que o ciúme pode, quando exagerado, estar relacionado ou mesmo ser confundido com o ser possessivo.
Pessoas assim acabam por nem viver, não conseguem descontrair e gozar o que têm, porque o que têm tem de ser só delas, incluindo quem amam, esquecendo-se que não são objectos e com o passar do tempo esse amor torna-se doença.
Quem é amado desta maneira sufoca e quem ama assim desespera, desgasta-se, envelhece.

A par do ser possessivo anda uma outra característica: quem é possessivo normalmente trai, é o 1º a pisar o risco, falo do que conheço do que tenho visto, não é nenhum estudo que tenha lido ou feito (nem seria capaz de o fazer ehehe).
É contraditório ou talvez não...

6 comentários:

fd disse...

Relações sem confiança estão condenadas e passam a distorcer frases como "és minha", dançando doentiamente na ambiguidade e atracção das palavras.

Há instantes de reciprocidade em que quase somos de alguém :)

Anónimo disse...

Concordo com FD.
Se não houver confiança, a relação está condenada.

E respeito também pela privacidade do companheiro... Se o meu namorado quisesse ver o meu telm não teria nenhum problema em mostrar, mas se o apanhasse a bisbilhotar sem me pedir, não ia gostar nada pois não só sentia que ele não confiava em mim, como me tinha faltado ao respeito, pois jamais lhe faria isso.

Sem comunicação e sinceridade, uma relação também se encontra condenada...

Bjinhos linda

:) disse...

Isso é doentio. Afasta...

Acaba por trair? Depende. Deve acontecer mais quando o possessivo for homem, duvido que seja no caso das mulheres.

Alexandre disse...

Acho que te faltou referir um outro problema que daí advém, pessoas possessivas normalmente criam dependências nas pessoas com quem estão, dando origem a relações por demais doentias, onde um dos lados está sempre a tentar mudar o outro com desculpa que ama, e o outro está sempre a fingir que tenta mudar com desculpa que ama...

Nirvana disse...

Há princípios básicos que não podem faltar numa relação, os alicerces. A confiança e o respeito pelo outro são alguns deles.
Eu não acredito sequer que seja uma forma de amor. Só se for de amor pelo próprio, porque pelo outro não é de certeza.
Por vezes chega mesmo a esses extremos que referes. Bisbilhotar telemóvel, computador, limitar convívio com amigos, formas de estar, de falar. Assume um carácter doentio que não tem volta.
Acho que deve ser mau para os dois. Para quem "possui" porque não tem paz, deve ser um tormento. E para quem é "possuído" porque viver numa prisão, mesmo que não limitada por grades, deve ser outro tormento.

Beijinhos

Gemini disse...

Bom tema, Mimanora!

A sensação de posse numa relação é, quanto a mim, reveladora de um facto clarissimo; EGOÍSMO.

"És minha", "és meu", que estupidez! Isto não tem nada de amor, nada, zero. Concordo em absoluto com o Alexandre, qualquer postura deste género conduz a uma convivência doentia. Quem pensa que possui, exerce influência no alvo de posse para que aos poucos mude a postura, chegando a um ponto em que essa pessoa só será quem é, apenas para si, e terá de deixar de ser quem é para os outros, para o mundo longe do "possuidor".

Se me apaixonei por ela, foi pelo que é, não pelo que quero que seja.

Deverei saber tê-la, precisamente sem a "possuir". Assim, ela quererá ser mais minha, como eu mais dela!

Uma beijoca, Mimanora.